Ativistas resgatam cães em laboratório de testes de São Roque (SP).

Manifestantes resgatando os beagles
Um grupo de cem ativistas invadiu e resgatou cães da raça beagle do Instituto Royal, no Jardim Cardoso, em São Roque (59 km de São Paulo), no dia 18 de outubro. Os ativistas protestam contra o uso de cães da raça em testes feitos pelo instituto que trabalha para farmacêuticas.
No ano passado, o instituto Royal disse que segue todos os protocolos nacionais e internacionais voltados para pesquisas com animais em laboratórios.
Os ativistas arrombaram gaiolas e resgataram cerca de 200 cachorros da raça beagle, que foram levados em carros a clínicas veterinárias particulares da região. Segundo uma ativista, seis destes cachorros tinham tumores e estavam mutilados. " O que mais chocou o grupo foi um beagle sem os olhos", disse.
Manifestante resgatando um beagle

No laboratório, os manifestantes também encontraram vários fetos de ratos e um cachorro congelado em nitrogênio líquido.
O protesto começou por volta das 16h do dia 17 de outubro, com cerca de 35 pessoas. Segundo a Guarda Civil Municipal, no período da noite o número de manifestantes começou a aumentar. Por volta das 2h, a GCM contabilizava ao menos 100 pessoas no local, divididas em grupos em frente as duas entradas da clínica.
Os manifestantes alegam que tentaram uma reunião com o instituto, que desmarcou em cima da hora. O grupo foi para a frente do laboratório protestar e disse ter ouvido gemidos de animais.
Antes da invasão do instituto, alguns ativistas foram à delegacia de São Roque para registrar um boletim de ocorrência de maus tratos contra os animais. Segundo a ativista, outro grupo foi à casa do juiz de São Roque, que atendeu aos ativistas e chamou a polícia.
Os manifestantes reclamaram que também pediram ajuda a Guardas Municipais e policiais militares, que estavam em frente ao instituto, mas eles não fizeram nada.
Segundo a Guarda Civil Municipal de São Roque, nenhum ativista foi preso. A Polícia Civil de Sorocaba deve fazer a perícia no prédio do instituto após a invasão.
Em agosto do ano passado, manifestantes de diversas ONGs de proteção aos animais foram a São Roque (SP) protestar contra o instituto. O grupo, formado por cerca de 200 pessoas, fez uma passeata e foi até o portão da empresa, onde quatro seguranças estacionaram o carro em frente ao portão de entrada para evitar arrombamentos.
Os cães são usados em pesquisas de medicamentos que serão lançados. O objetivo é verificar a existência de possíveis reações adversas, como vômito, diarreia, perda de coordenação e até convulsões.
Em muitas das pesquisas, os cães acabam sacrificados antes mesmo de completarem um ano, para que se possa avaliar os efeitos dos remédios nos órgãos dos animais.
Quando isso não é necessário, os cães são colocados para adoção, diz a empresa.
O Instituto Royal, alvo da manifestação, passou a ser investigado pelo Ministério Público de São Paulo, que recebeu denúncias de maus-tratos aos animais.
Os beagles são mantidos em canis. A maior parte deles é reprodutora dos filhotes que serão testados.
O Royal diz que, em breve, fornecerá animais para testes para outros institutos.
"Recebemos a denúncia de que esses animais são acondicionados em condições irregulares", afirma o promotor do Meio Ambiente em São Roque.
O uso de cães em pesquisas é permitido e regulado por normas internacionais.
Protetores de animais, no entanto, questionam as normas. "As indústrias sequestram a vida dos animais, que nunca mais terão um comportamento normal", diz a presidente da União Internacional Protetora dos Animais.
Segundo o vice-diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, os cães da raça beagle são os mais utilizados para experimentos no exterior, pois são animais de médio porte e dóceis.
No Brasil, ratos e camundongos são os bichos mais usados em pesquisas feitas em laboratórios.
"Todo e qualquer experimento realizado por docentes e pesquisadores em animais deve passar por uma comissão de ética para analisar se o animal sofrerá e qual a finalidade do projeto", finalizou.
O protesto, organizado pelo Facebook, contou com centenas de pessoas.E um comboio saiu de São Paulo às 9h, em frente ao Masp, na avenida Paulista,rumo à São Roque.



 

Comentários