Explosão da bomba no carro onde estavam os militares |
Missão nº115.Esse era o nome oficial da vigilância
desencadeada pelos serviços de espionagem de Exécito no Centro de Convenções
Riocentro,no Rio de Janeiro,em 30 de abril de 1981,quando 20 mil pessoas ali se
reuniam para um show em protesto contra a ditadura militar.Duas bombas
explodiram nesta ocasião,e os agentes da ação foram as únicas vítimas do
episódio,que lançou suspeitas sobre atividades terroristas praticadas por
militares e desencadeou o fim de uma ditadura que acabaria sepultada em
1985.Todo o acontecido a população brasileira tinha conhecimento,por meio dos
depoimentos da época.O que até agora permanecia oculta,são registros de
militares envolvidos no episódio e manobras para abafar o incidente,arquitetadas
pelos membros da repressão.
O segredo está em arquivos que eram guardados em casa
pelo coronel do Exército reformado Julio Miguel Molinas Dias(assassinado aos 78
anos em Porto Alegre).Molina Dias era,na época do atentado,comandante do
DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações-Centro de Operações de Defesa
Interna)do Rio de Janeiro.Agora revelado,o arquivo do coronel contém 200
páginas,várias delas encabeçadas pelo carimbo "confidencial" ou "reservado".Este
calhamaço evidencia que a repressão militar tentou maquiar o cenário do atentado
no Riocentro para fazer parecer que as explosões eram obras dos guerrilheiros de
esquerda.Estes registros estavam guardados pelo coronel,que na ocasião comadava
esta unidade do Exército,que tinha a função de espionar e reprimir opositores da
ditadura.O DOI-Codi era localizado no interior do 1º Batalhão de Polícia do
Exército,na rua Barão de Mesquita,no bairro da Tijuca.Ao se aposentar,o coronel
levou para casa documentos preciosos,contando pormenores da sigilosa rotina
militar.O dossiê deixa claro que a bomba também fez estragos dentro da sede do
DOI-Codi,distante 30Km do centro de convenções.
Em meio aos papéis,surgem evidências de que oficiais
forjaram o furto do veículo pertencente ao sargento que morreu na explosão,com o
objetivo de desaparecer com as provas que seriam comprometedoras.
O acervo de Molinas Dias foi apreendido pela Polícia
Civil de Porto Alegre,após o assassinato deste coronel.E tendo chegado as mãos
da imprensa local,foi possivel ter acesso a memorandos datilografados,no qual o
coronel registra a mobilação que se instalou naquela unidade
repressiva,imediatamente após a explosão.
São ordens e contraordens com a finalidade de evitar que
os fatos comprometessem a imagem do Exército na ocasião.
Os documentos contêm medidas de prevenção para a
segurança de militares,recomendações para não serem fotografados e a lista de
bombas e artefatos para destruição coletiva e individual.O lote mais espesso de
documentos trata do tempo que ele ditava ordens no comando do
DOI-Codi.
De próprio punho,o coronel Molinas teria redigido parte
destes memorandos.E em meio à papelada sobresaí o relatório sobre o desastroso
atentado no centro de convenções Riocentro.Uma bomba que explodiu no carro onde
estavam os militares,durante um show musical,acabou matando o sargento
Guilherme Pereira do Rosário e ferindo com gravidade o capitão Wilson Luiz
Machado,chefe da seção de Operações do DOI-Codi.
Comentários
Postar um comentário