Pesquisa confirma que há contaminação em 95% dos jalecos médicos!

Em vez de proteger o usuário, o jaleco médico - indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como equipamento de proteção individual para os profissionais do setor - pode ser fonte de contaminação. É o que indica um estudo realizado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), câmpus de Sorocaba.

Das amostras analisadas, 95,83% estavam contaminadas. Entre os micro-organismos identificados nos jalecos está o Staphilococcus aureus, bactéria considerada um dos principais agentes de infecção hospitalar.

A proposta surgiu após a constatação de que residentes do hospital-escola do Hospital de Sorocaba, saíam para o almoço em bares e restaurantes sem tirar o jaleco.

O objetivo foi comparar a microbiota - conjunto de micro-organismos que habitam um ecossistema - existente nos jalecos, sobretudo na região do punho e na pele dessas pessoas, com a dos não usuários. Foram avaliados 96 estudantes de Medicina, distribuídos nos seis anos da graduação, que atuam na enfermaria de clinica médica do hospital. A metade usava jalecos (de mangas longas) e a outra metade não.

"Essa elevada taxa de contaminação pode estar relacionada ao contato direto com os pacientes, aliada ao fato de os micro-organismos poderem permanecer entre 10 e 98 dias em tecidos, como algodão e poliéster".

O estudo mostrou que os jalecos dos profissionais estão geralmente contaminados, principalmente nas áreas de contato frequente, como mangas e bolsos. A OMS e outras instituições de referência em biossegurança recomendam a sua utilização como uma barreira de proteção contra a transmissão de micro-organismos. No estudo, a pele da região do punho estava contaminada em 97,91% dos usuários de jaleco. Nos não usuários a contaminação era de 93,75%.
 "Evidencia-se que a contaminação nos usuários de jaleco não difere significativamente daqueles que não fazem seu uso, indicando que sua função como proteção pode ser questionada", conclui a pesquisa.
O estudo também revela que a prática de lavar as mãos, em ambos os grupos, não está adequada. E a falta de higiene das mãos aumenta a contaminação dos jalecos.

Os resultados mostraram ainda que o número de micro-organismos patogênicos aumentou consideravelmente nas coletas realizadas entre segunda e quinta-feira, dias de maior atividade médica.A pesquisa mostrou que o jaleco pode representar um possível veículo de transmissão de micro-organismos associado à infecção hospitalar, caso seu uso não seja aliado a cuidados. A PUC-SP pretende aprofundar os estudos para encaminhá-los à OMS.

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