O Fascismo sórdido que sorrateiramente se alastra no Brasil.




Estamos vivendo uma situação política no Brasil extremamente grave, onde o germe do ódio se propaga e a xenofobia se espalha impunemente. A maneira como as minorias vêm sendo tratadas nesta campanha presidencial de 2014, comprova a existência de um tipo de neo-fascismo em plena expansão no Brasil e mais especificamente em São Paulo. Todavia, infelizmente, esses comportamentos estão presentes também em outras regiões brasileiras. 

Não perceber este perigo é banalizar esta situação. Existe um terreno fértil para a implantação dessa ideologia nefasta no Brasil.

Vejam os resultados em termos de votos que teve o Pastor Feliciano, o Jair Bolsonaro, o Luis Carlos Heinze. Ao dar votos a esses candidatos os eleitores legitimaram a presença da extrema direita no parlamento brasileiro.  Além desses nauseabundos eleitos, existem muitos jornalistas de canais de televisão no Brasil e das revistas do grupo Abril que propagam mentiras e instigam o ódio ao PT, incitam o racismo, as violências e, descaradamente e sem complexo, assumem as ideias da extrema direita. Outro perigo é o crescimento do fundamentalismo religioso, o nível de fanatismo é assustador. Todos esses grupos apoiam incondicionalmente o candidato Aécio Neves. Existe neste caso uma afinidade ideológica com o programa neoliberal do candidato.

Se o conjunto da esquerda brasileira não consegue se unir neste segundo turno, não coloca seus militantes nas ruas para dialogar com a população sobre este perigo, a direita brasileira reacionária que já vem a alguns anos se reestruturando, e conta com uma avançada estratégia de comunicação junto à opinião publica, na certa voltará ao poder. Não há exageros, mas as armadilhas estão montadas para derrubar a Dilma e não devemos ignorar o risco de perder as eleições!

O pior é que muitos segmentos da esquerda brasileira, ainda não entenderam que a sociedade brasileira na sua maioria é conservadora.

Daí, o momento não é de divisão e sim de resistência republicana.

Pensem antes de agir! Não votando em Dilma, vocês serão responsáveis pela volta da direita, e, também pela destruição de todas as conquistas sociais dos governos de Lula e Dilma. E também irão contribuir para que a direita e seus aliados fascistas ganhem as eleições e na certa permanecerão por muito tempo no poder. Reflitam antes de decidir, pois depois será tarde demais para voltar atrás. A direita conservadora não tem nenhum prurido em compactuar com as ideologias da extrema direita. Além disso, ela tem em suas mãos, talvez a maioria dos membros do poder judiciário, o poder econômico e o quarto poder (os meios de comunicações), isto quer dizer que eles são suficientes fortes para provocar um golpe, não do tipo militar, mas com o apoio desses aparatos permanecer para sempre no poder. A hipótese de uma derrota de Dilma repercutirá em toda a América Latina e fragilizará a correlação de força dos governos de esquerda e centro-esquerda.

Sabe-se que a direita brasileira tem aliados fortes no plano internacional, exemplo o capital especulativo responsável pela crise da economia real aposta na derrota de Dilma. Vale ressaltar que para os adeptos do neoliberalismo, o mundo global tem somente dois atores principais: as empresas e os consumidores, para eles não existe cidadãos. Para os neoliberais a concepção do Estado deveria ser enterrada, o Estado passa a ser visto como intruso, no lugar do Estado protetor do Bem-Estar Social surge o Estado Empreendedor, um bom acionário. Esse novo imperialismo é operado em forma de consórcio internacional, que dita normas diretivas para regulamentar a doutrina econômica neoliberal.

O candidato Aécio Neves defende exatamente esta concepção neoliberal de Estado.
Os governos petistas e outros governos de esquerda na América Latina romperam com a globalização da exclusão e optaram por um "desenvolvimento inclusivo" onde o Estado tem um papel importante e isto atrapalha este novo imperialismo. Sem contar que o Brasil ao participar da criação do Brics, passou a representar uma ameaça para as grandes potências que pensavam continuar na hegemonia mundial ditando suas regras para o resto do mundo. O Brasil e outros países considerados emergentes quebraram esta regra e hoje são atores importantes no mundo.

Chamo atenção dos companheiros e companheiras da esquerda não petista, que tentam justificar suas escolhas com argumentos de que o PT já esta há muitos anos no governo e deve ir para a oposição; ou que o PT traiu a esquerda e que aceitou o apoio de Collor, Sarney, e até de Maluf. Ninguém questiona o tempo que a direita governou no Brasil e ainda governa na maioria dos Estados brasileiros. Também é difícil imaginar quem teve um passado ligado às lutas sociais declarando apoio a Aécio que é o candidato dos segmentos mais reacionários e neofascistas do Brasil.

Vale ressaltar que a esquerda sempre foi uma minoria, e poucos partidos são representados no parlamento brasileiro. Infelizmente, uma parte da esquerda brasileira na sua diversidade, ainda não entendeu que sem uma verdadeira reforma política é impossível governar uma republica federativa, compondo somente com os partidos de esquerda. Infelizmente, a despolitização da população brasileira é cada vez maior, daí, faz-se necessária muita pedagogia para explicar a importância da política no cotidiano. Ampliar um dialogo mais permanente com a população e sua base popular é urgente e necessário.

Desde a época da ditadura que a direita no Brasil participa ativamente na despolitização de massa. Hoje se trata de uma estratégia política para reconquistar o poder sem muitos questionamentos. Eles pregam a individualização da sociedade e alimentam o desencanto ideológico sem nenhuma analise crítica. Existem também correntes ambientalistas que hoje negam o papel dos partidos. Muitos acham que a causa ecológica não é política. Cresce o número de pessoas que se envolvem localmente por causas específicas sem ver a realidade global. Essas pessoas estão se mobilizando para suas necessidades próprias e aspirações do momento, mas essa mobilização não necessariamente defendera uma causa de interesse coletivo. Existe também um déficit de formação política dos militantes, principalmente, sobre questões ligadas à cidadania política. Um dos grandes desafios de hoje diante da despolitização e abuso de poder, é investir na educação para o exercício da cidadania e do poder.

A despolitização pode dar elementos explicativos sobre porque o Legislativo continua com um número considerável de representantes da elite dominante. E nessas ultimas eleições os mais votados representam também a asquerosa extrema direita.
O pensamento dialético existe para que possamos entender as contradições de nossa sociedade e agir em consequência.

Eu acho que não podemos negar os benefícios que os governos do PT trouxeram para as populações miseráveis e pobres. Este projeto de sociedade não pode ser interrompido.
As alianças que o PT estabeleceu não são de ordem ideológica, não existem compromissos com a direita, as coligações são circunstanciais, tendo em vista as características do sistema eleitoral no Brasil que é perverso, e não corresponde aos avanços alcançados pelas urnas. Mesmo que alguns partidos sejam de tradição histórica no Brasil, existem no seu interior pessoas que não são comprometidas com as causas nobre da política, portanto estes politiqueiros não estão a serviços dos interesses nacionais, e sim aos seus interesses pessoais. 

A declaração da Presidenta Dilma ao receber os movimentos sociais, organizações da sociedade civil que realizaram com sucesso a consulta popular sobre o Plebiscito pela Reforma Política, foi bastante clara e ela assumiu mais uma vez seu compromisso com a reforma política ao dizer: “Tenho a convicção de que o Brasil precisa da Reforma Política. É uma das pautas mais importantes, que é a mãe de todas as reformas. O Brasil precisa, tanto para poder avançar institucionalmente, quanto para combater a corrupção.”

O resto vai depender de capacidade dos grupos organizados em criar uma correlação de força para pressionar para que as reformas estruturais desta vez sejam realizadas, pois o governo não pode governar sem o povo, do contrario, a democracia perde o sabor do desafio. Portanto, reeleger Dilma é imperioso para garantir os avanços sociais e barrar o retrocesso e o entreguismo!

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