Agora caldo de cana é vendido em garrafa e caixinha longa vida.


Já não é preciso tomar caldo de cana apenas na hora em que ele é extraído, nem esperar o dia de feira livre para bebê-lo.
Desde o ano passado, uma empresa no interior de São Paulo está engarrafando e vendendo o produto, que tem validade de vários meses, e até já passou a exportá-lo para a Europa. Neste mês, a fabricante de sucos Jandaia também lançou sua versão da bebida, vendida em embalagem longa vida.
Quem saiu na frente com a novidade foi um empresário do interior de São Paulo, que teve a ideia de desenvolver um processo de conservação da bebida há três anos, quando um amigo francês, em visita ao Brasil, provou o caldo de cana e quis levá-lo para a família. O que não foi possível, já que a bebida se estraga com facilidade.
Para contornar essa limitação, o empresário desenvolveu um processo em parceria com o Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos) e montou a indústria de alimentos Susten, em Alumínio (SP).
Ali ele passou a produzir em julho de 2012 as garrafinhas de 300 ml de uma bebida chamada de suco de cana-de-açúcar. Batizado de Kanaí, o produto pode se consumido em até oito meses após a fabricação.
Cada unidade é vendida ao consumidor por R$ 3,50, em média.
"Como somos pioneiros nesse processo de engarrafamento de caldo de cana 100% natural, tivemos dificuldades nos estudos e testes para chegar no produto, tanto que patenteamos o processo", afirma o empresário.
Ele não revela os detalhes do processamento, nem o volume fabricado. Afirma que a bebida está sendo vendida nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
Além disso, informa que 40% da produção é exportada para Suíça, Itália, Portugal e Espanha. "E no próximo ano estaremos nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália", diz .
Afirma ter investido R$ 500 mil, nos primeiros testes em laboratório até a aprovação final do produto.
Para abrir o negócio, recorreu ao Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), onde recebeu consultoria jurídica e orientações sobre o planejamento da fábrica e gestão da empresa.
A cana-de-açúcar usada como matéria-prima pela Susten é proveniente de diversos fornecedores locais. Assim que chega à fábrica, é lavada com água e cloro.
Depois, segue para a moagem, extraindo-se o caldo com  o uso de uma pequena máquina que produz até 400 litros por hora. O bagaço que sobra da moagem é usado na caldeira que aquece a água da fábrica.
A bebida tem seu teor de açúcar controlado e passa por filtragens para eliminar resíduos de cana.
Ela é então colocada em garrafas de vidro de 300 ml, previamente higienizadas com uso de vapor. Já no interior da embalagem, a bebida passa por um processo de pasteurização, ou seja, é aquecida e logo em seguida resfriada para evitar a proliferação de micro-organismos. 
A índústria tem capacidade para produzir até um milhão de garrafas por mês, mas ainda não atinge esse número, de acordo com o empresário.
Ele tem planos para abrir filiais da fábrica e quer também produzir novos sabores de Kanaí, como caldo de cana com limão, abacaxi, gengibre e maracujá.
Já a fabricante de sucos Jandaia também incluiu o caldo de cana entre as bebidas que produz. A empresa lançou neste mês uma versão embalada em caixinha longa vida, de papelão.
O produto é pasteurizado e tem durabilidade de seis meses. Segundo a empresa, o processamento mantém o sabor e as vitaminas da garapa.
"Percebemos que o brasileiro gosta bastante da bebida, que é rica em ferro, cálcio, potássio e magnésio", afirma o diretor da Jandaia.
A perspectiva é que a bebida represente 5% de todo o faturamento da empresa, em um período de um ano e meio, de acordo com o executivo.
A empresa informa que investiu R$ 1,5 milhão até o lançamento do produto, que, inicialmente, será vendido nos Estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e no Distrito Federal.  A caixinha de 200 ml é vendida a R$ 2,50.
Originária da Nova Guiné, no sudeste asiático, a cana-de-açúcar se espalhou pelo mundo e hoje é cultivada em mais de 200 países.
Ela foi levada à Europa pelos mouros no século 8. Os portugueses a trouxeram para o Brasil durante a colonização. O país é hoje o maior produtor mundial, com mais de oito milhões de hectares plantados e cerca de 600 mil toneladas de cana colhidas ao ano.

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