Planos de saúde demoram até oito meses para cumprirem liminares

Uma artista  plástica de 34 anos, descobriu no ano passado que tinha um câncer de pele(Melanoma). Logo depois, que ele havia se espalhado pelo corpo. E, em seguida, que teria que desembolsar ao menos R$ 60 mil para ter o tratamento indicado por seu médico.
O convênio da família, recusou-se a pagar parte dos procedimentos. Ela recorreu à Justiça, que obrigou o plano a arcar com todos os custos do tratamento, mas, mesmo assim, nada mudou.
Com a liminar em mãos desde setembro do ano passado, ela teve que remarcar um exame que verifica se a doença atingiu novas partes do corpo. O convênio não havia autorizado.
"É um desgaste, a gente paga direitinho, tem a liminar, mas o convênio alega que não conhece o exame. Eles fazem de tudo até você desistir ou pagar do próprio bolso", diz.
Em março, o problema já havia acontecido, e ela pagou R$ 2.800 para conseguir fazer o exame.
Assim como ela, muitos pacientes que apelaram para a Justiça após problemas com convênios médicos têm tido dificuldades de ver as decisões dos juízes serem cumpridas. Há relatos de pacientes que enfrentaram demoras que chegaram a até oito meses.
Há casos em que a paciente desistiu de esperar e teve que recorrer ao SUS (Sistema Único de Saúde), como o caso de uma dona de casa(nome preservado).
Com um tumor diagnosticado, ela iniciou o tratamento no Hospital AC Camargo quando a empresa do marido dela trocou o plano de saúde, do qual ela era beneficiária.
O novo plano recusou-se a cobrir o tratamento na unidade e, segundo ela, não ofereceu alternativa adequada na cidade. O juiz obrigou o plano a dar continuidade ao tratamento no AC Camargo, no início de março. Mas nada foi feito.
Então,ela decidiu, apelar para um hospital público, onde iniciou o tratamento. "O problema que eu tenho não é uma gripe. Não posso esperar", afirma ela.
No Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), do SUS, 25% dos pacientes atendidos têm planos.
Uma aposentada (nome preservado) apelou à Justiça, mas o problema continuou após decisão favorável a ela.
O convênio dela reajustou o plano de R$ 742 para R$ 1.248, assim que ela completou 66 anos. Esse tipo de reajuste, por mudança de faixa etária, é proibido após os 60 anos. A liminar dada em março só foi cumprida na semana passada, depois de muito esperar.
Consultada uma advogada especializada em planos de saúde, diz que os casos de descumprimento de liminar têm crescido em seu escritório. "É um fenômeno recente."
Ela acredita que a multa estipulada pela Justiça para o não cumprimento imediato da decisão judicial é muito baixa, o que incentiva as operadoras a demorarem. Os valores são, em geral, entre R$ 500 e R$ 1.000 por dia, diz ela.
Além disso, há uma demora para que a multa seja cobrada, afirma ela. "Se a operadora demora a cumprir, o advogado tem que informar o judiciário, que reitera o pedido de cumprimento afirmando que se não for feito aplicará a multa", explica.
"O problema é que essa demora pode implicar em prejuízo à saúde do paciente", diz e concluí:"E isto é grave!".

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